Direcão: Marco Bechis
Roteiro: Marco Bechis e Luiz Bolognesi
Produtor: Amadeo Pagani, Mrco Bechis,
Caio Gullane e Fabiano Gullane
Ano: 2008
Gênero: Drama
Duracão: 108 min
Sinopse: Grupo de índios deixa sua
terra para reivindicar a devolução de terras pertencentes a seus ancestrais.
Terra Vermelha não é um documentário,
mas bem poderia ser um reality show que mostra as dificuldades do dia a dia de
uma família indígena no nosso país.
Nas últimas
duas semanas, muito se tem falado na internet sobre uma carta escrita pelos
Guaranis-Kaiowa (lê-se Caiová) com uma ameaça de suicídio coletivo por parte dos
índios. Milhares de pessoas aderiram à causa para chamar a atenção para o drama
de 170 índios da comunidade Pyelito kue/Mbrakay, que reivindicaram um pedaço de
terra de dois hectares de extensão, numa fazenda de 700 mil hectares.
Essa situação
é muito semelhante com o que se passa no filme, que foi feito em 2008. Isso só
mostra como, ainda hoje, a situação dos índios no Brasil não mudou. Mas, se
você pensa que esse é um conflito de apenas quatro anos, está muito enganado!
Essa luta por terras começou a muitos anos, mas
desde o início do século XX se intensificou – principalmente a partir do Estado
Novo (1937-45) de Getúlio Vargas, quando iniciou-se a ocupação pelos brancos
por terras do Centro Oeste. Com a competição muito acirrada entre as fazendas
do Sul, muitos gaúchos venderam suas terras e foram atrás de terras “devolutas”
na outra região.
Acontece que
nessas terras “devolutas” viviam gente. Os índios Guaranis-Kaiowa foram
expulsos da terra de seus antepassados e confinados em reservas indígenas pelo
governo federal. “Bom”, você pode
estar pensando, “pelo menos eles viveram
felizes na reserva...” ERRADO!
De acordo com a reportagem que saiu nessa terça-feira
na revista Amanhã, do jornal O Globo,
as cestas básicas não garantem comida todo dia. Sua distribuição é
complementar, o problema é a falta de acesso a terra. Confinados em reservas como
a de Dourados, onde cerca de 13 mil índios ocupam 3,5 mil hectares, eles
encontram-se numa situação sufocante. Não há lugar suficiente para todos de
forma que garanta uma boa qualidade de vida. A desnutrição infantil toma conta
da população tanto para os índios que vivem na beira de estrada como para
aqueles que vivem em reservas.
Muitos
índios, sem esperanças ou perspectivas para o futuro, encontram alívio no
alcoolismo e, no caso de jovens de 15 a 29 anos, no suicídio. Isso é bem
retratado no filme.
“Por que não o governo não oferece mais
reservas para os índios? Porque não reservas em terras devolutas do Incra, fora
das áreas de produtores rural?”
Essa é uma
ótima pergunta. Acontece que para os índios Guarani-Kaiowa a terraa qual
pertencem é a terra onde estão sepultados seus antepassados. Para eles, a terra
não é uma mercadoria – a terra é. Eles estavam lá primeiro, lembra-se?
Com a redemocratização
do país após a ditadura, os índios passaram a olhar com esperança para a nova Constituição
em 1988. Os territórios indígenas deveriam ser demarcados pelo Estado no prazo
de cinco anos. Mas não foi. Os sucessivos governos que se seguiram após 1988
não se esforçaram para conter essa situação.
Os indígenas
escreveram, então, uma carta: “Presidente
Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvida há décadas.
Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar.
(...) Nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando
nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem
enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro. (...)
Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossas terras
tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que
estão nas leias do Brasil e internacionais.”
O final do conflito depende de muitas decisões
judiciais que ainda levarão tempo, mas os Kaiowa já conseguiram milhares de
adeptos da causa.
Espero que
você tenha lido meu testamento até o final, rsrs.
Mas esse é
um tema sério desenvolvido pelo filme, e espero que pelo menos tenha conseguido
fazer você refletir.
Qual a sua posição
acerca disso tudo?
Carol
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